Governo Lula tem um olho no mundo e outro nos juros

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De volta ao Brasil após visita aos Estados Unidos na última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve seguir viagem rumo à China no próximo mês. Antes, o presidente recebeu o chanceler alemão, Olaf Scholz, e se reuniu com presidentes de Argentina e Uruguai. A colunista do Meio Mariliz Pereira Jorge destaca que o país está de volta à pauta global, com temas relevantes, como democracia e meio ambiente. No bate papo durante o programa #MesaDoMeio, ela lembra que a relação de Lula com a temática da sustentabilidade auxilia o Brasil a recuperar sua imagem perante o mundo, desgastada pela gestão anterior. “Isso é positivo para o país, porque essas pautas incluem a questão do meio ambiente, uma pauta em que o país sempre foi protagonista, mas que foi desmoralizado nos últimos anos por conta de Bolsonaro.”

O editor-chefe do Meio, Pedro Doria, ressalta que o governo Lula 3 será muito difícil por precisar ser construído em diversas áreas. Para encontrar uma bandeira que traga sucesso a seu novo mandato, o caminho poderia estar no investimento de uma política internacional, enquanto a agenda de sustentabilidade poderia ser seu carro-chefe. “Marina SIlva é a ministra que teve mais sucesso em combate ao desmatamento, a gente já tem as pessoas certas.Temos os equipamentos, os cientistas, uma pancada de ONGs que entendem muito de floresta Amazônica”, explica.

Além da recuperação da credibilidade do Brasil no exterior, as viagens de Lula podem trazer benefícios para a agenda comercial, que pode trazer novos negócios para o país, explica o cientista político Christian Lynch. “Se isso se reverter para a balança comercial brasileira, consegue afastar certos setores do empresariado que aderiram a Bolsonaro mostrando que eles podem lucrar mais com uma política mais racional e menos ideológica.” Ele lembra que apostar nas relações internacionais, além de uma opção plausível, também é muito barata por não precisar de grandes investimentos.

Enquanto isso, Lula segue travando sua disputa no campo econômico contra a política monetária do Banco Central, e de seu presidente, Roberto Campos Neto. A repórter especial do Meio Luciana Lima conta que o principal assunto na Câmara dos Deputados e no Executivo desta terça-feira foi a discussão sobre a política de juros e a reunião do Conselho Monetário Nacional. Os petistas e aliados do governo lançaram a campanha “Juros baixos já”, mantendo a pressão contra o BC, mesmo Campos Neto tendo feito um aceno ao governo Lula nesta segunda-feira.

Para Christian Lynch, os ataques “não têm nada a ver com política econômica”, mas por causa do movimento golpista no país, Lula pode estar pressionando para que o presidente do BC demonstre publicamente que não está a serviço do bolsonarismo. “Não é para acabar com a independência do Banco Central, para trocar por outro presidente, mas para dar uma enquadrada pública, no sentido de que Campos Neto não é um infiltrado”, explica.

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