#MesaDoMeio: Governo Bolsonaro cometeu genocídio contra os ianomâmi

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Genocídio. Para os jornalistas do Meio, essa é a palavra a ser utilizada para classificar o que está acontecendo nas terras indígenas ianomâmis, em Roraima. Analisando a lei brasileira e os principais tratados internacionais de direitos humanos, esse termo é empregado para casos como o que o Brasil acompanha, com mais de mil indígenas sendo resgatados de suas terras nos últimos dias. Em conversa no programa #MesaDoMeio, a editora-executiva Flávia Tavares ressalta que a lei 2.889 de 1956 tipifica o que ocorre no estado como um caso de genocídio. “Quando você pega o texto da lei e confronta com as fotos e vê que foram criadas as condições para que esse grupo de brasileiros fosse aos poucos sendo dizimado, não cabe outra palavra”. Ela diz que nos últimos anos, organizações da sociedade civil, como ONGs indígenas e imprensa haviam alertado sobre as situações de descaso e morte no território. 

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A colunista Mariliz Pereira Jorge acredita que a definição de “genocida” cabe ao que fez Jair Bolsonaro e seu governo. “Acho que está muito claro o que esse governo fez de propósito, com consciência, patrocinando um genocídio”. Ela chama de “estarrecedora” a situação escancarada no território ianomâmi, como a desnutrição grave daquela população, ao lembrar que a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) já havia alertado sobre o que poderia acontecer com aquela etnia, mas lembra que “o governo Bolsonaro foi caracterizado por falta de respostas”, tanto para a imprensa, quanto às outras pessoas. 

Ela conta que via as imagens para crianças desnutridas na África utilizadas por ONGs pedindo doação “e não imaginava que [essas pessoas] estavam mais perto da gente do que podíamos imaginar”. O editor-chefe do Meio, Pedro Doria, explica que imagens de asiáticos e africanos são utilizadas nessas propagandas pedindo ajuda “porque não costuma acontecer esse tipo de coisa na América Latina. Não temos esse tipo de imagem no país desde os anos 1960”. Desde então, o Brasil, mesmo tendo milhões de pessoas passando por insegurança alimentar, não se via algo como visto desde o fim de semana. “Conseguiu-se chegar a um degrau abaixo [do que era visto], isso é inacreditável”. Ele destaca que genocídio não é apenas “matar um monte de gente”, mas também agir para exterminar um grupo específico, como o caso dos ianomâmis. Diferentemente da irresponsabilidade do governo Bolsonaro em relação à pandemia, que deve ser considerada como uma série de homicídios.

Enquanto isso, o presidente Lula exonerou o comandante do Exército Júlio César de Arruda, que insistiu em não retirar a nomeação do tenente-coronel Mauro Cid para o comando do 1º Batalhão de Ações de Comando, em Goiânia. Cid é investigado pela Polícia Federal por conta de depósitos realizados por ele na conta da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, com dinheiro sacado utilizando o cartão corporativo. Pedro alerta que “a crise do Exército não passou e esses caras estão peitando e chantageando o governo”.

Para Mariliz Pereira Jorge, o petista demorou para agir contra as ações ofensivas dos militares desde o dia 8 de janeiro. No entanto, o presidente está tomando as medidas necessárias para impor seu poder junto às Forças Armadas, não sendo possível saber se será suficiente para acalmar a caserna. “Isso vai baixar a bola desses golpistas que estão infiltrados nesses batalhões, que vão de soldado raso até general? Isso é impossível de saber”, conclui. Flávia Tavares pondera que Bolsonaro não apenas utiliza a mentalidade militar, de menosprezar indígenas, como também seguiu sua carreira política em Brasília “reproduzindo a rachadinha de todos os jeitos que ele conseguiu”, tanto no Legislativo, como deputado, quanto no Executivo, no cargo de presidente da República.

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