Terroristas em Brasília são comparáveis aos talibãs

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Os terroristas que invadiram os prédios dos Três Poderes, em Brasília, no último domingo, dia 8, também podem ser chamados de outra maneira: talibãs. Essa é a avaliação do editor-chefe do Meio, Pedro Doria, após a turba golpista destruir obras de arte e objetos históricos nos prédios invadidos. Em bate-papo no programa #MesaDoMeio desta terça-feira, ele avalia que “a vontade que as pessoas tinham de destruir quadros e esculturas, os azulejos de Athos Bulcão, e a maneira de destruí-los por completo para marcar seu ódio, também marcou o ódio à cultura brasileira, ódio ao Brasil”.

A jornalista e colunista do Meio Mariliz Pereira Jorge afirma que a arte “tem um significado histórico e conta um pouco do que somos como país”. Ela diz não ter certeza se os terroristas tinham ideia da riqueza cultural que havia no prédio atacado, mas assevera que “eles não estavam preocupados em preservar nada”. Para a jornalista, parte dos manifestantes acreditavam que o Exército chegaria ao local para destituir Lula da Presidência da República e tomar o poder. “O número de gente radicalizada que acredita que havia algum tipo de razão para acontecer o que houve no domingo é muito grande. Isso é muito preocupante.” Ela também entende que houve uma série de erros de segurança do governo, que deve ser investigado para responsabilizar quem deveria defender os prédios dos ataques.

Enquanto os manifestantes seguem presos no Centro de Detenção Provisória 2, na Papuda, funcionários trabalham intensamente para consertar o quebra-quebra em Brasília. A repórter especial do Meio Luciana Lima conta que a ministra da Cultura Margareth Menezes deu entrevista dizendo que “o governo não vai querer esquecer” o que aconteceu no último domingo e será montado um memorial com vídeos e fotografias no Palácio do Planalto com cenas do atentado. A repórter revela que o governo está tentando retomar suas pautas, mas ainda precisa descobrir o quanto as forças de segurança estão contaminadas pelo bolsonarismo e se podem contar com o trabalho dos agentes na defesa dos poderes. “Essa é uma questão que precisa ser resolvida para que o governo possa trabalhar sem continuar olhando para o fato ocorrido”, conclui.

O cientista político Christian Lynch questiona se as forças antidemocráticas cessaram ou se continuarão as investidas golpistas, e até que ponto as Forças Armadas estarão comprometidas com a democracia. “A gente só está começando a ver os desdobramentos do que acontecerá nos próximos meses.” Ele compara o sequestro de Brasilia pelos terroristas à tomada de Versalhes durante a Revolução Francesa. “A diferença é que aquela era [uma manifestação] de extrema esquerda e esta, de extrema direita”, avalia. Ele lembra que Brasília virou o epicentro do bolsonarismo no Brasil e o ódio vem de uma revolta populista reacionária, de quem não se vê representado pelos poderes instalados na capital federal. Mesmo sendo comparado ao Capitólio, o ataque no Brasil foi feito com prédios vazios e que algo era esperado para acontecer, mas não ocorreu.

Pedro Doria defende que havia um esquema combinado para permitir que o atentado ocorresse na Praça dos Três Poderes. “O Palácio do Planalto não foi arrombado, a porta foi aberta, e lá fica um destacamento do Exército sob o comando do Gabinete de Segurança Institucional que não ofereceu nenhuma resistência”, pondera. Ele avalia que “o Exército e a PM permitiram ativamente” o ataque pelos terroristas e entende que Lula não tem o controle das Forças Armadas do Brasil.

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