Maioria de eleitores indecisos é, na verdade, tímida, diz CEO do Atlas Inteligência

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O CEO do Atlas Inteligência, Andrei Roman, afirma que, em grande parte, os entrevistados que se declaram indecisos nas pesquisas eleitorais são na verdade “tímidos”. “Eles buscam uma forma de não responder a pergunta [em quem vão votar]. Indecisos, mesmo, são muito poucos.” Em entrevista ao Conversas com o Meio, ele disse ter percebido que o fato de os dois presidenciáveis serem muito conhecidos faz com que dificilmente o eleitorado não tenha uma opinião formada sobre eles. “Os indecisos tendem a se formar entre um público que rejeita os dois. São eleitores que não gostam nem de Bolsonaro nem de Lula, mas na maioria das vezes têm uma preferência”. Segundo Roman, o que determina mudanças nesse grupo são fatos de grande repercussão que sejam negativos para um candidato, favorecendo a migração de votos ao adversário.

O fator mais decisivo para uma virada na votação seria uma mudança de perfil dos eleitores que comparecerão às urnas no dia 30 de outubro. Num cenário em que o Nordeste, reduto eleitoral de Lula, possa apresentar recordes de abstenção, e o Sul bolsonarista registre uma votação ainda mais expressiva no atual presidente, essa combinação seria fundamental para a reeleição de Bolsonaro no segundo turno. Para o CEO do instituto de pesquisa que chegou mais perto do resultado do primeiro turno deste ano, mobilização e desmobilização de eleitores serão mais importantes que a virada de votos nessa eleição, que se mostra estável.

Apesar do cenário ser mais favorável à vitória de Lula – algo em torno de 70% de probabilidade, nas contas de Roman -, a disputa ainda não está definida, com o candidato à reeleição correndo atrás de uma virada histórica. O CEO do Atlas Inteligência explica que Bolsonaro estava num processo de recuperação sólida para conquistar novos votos, mas a repercussão negativa de uma declaração sobre jovens venezuelanas estarem se prostituindo, e que teria “pintado um clima” entre o presidente da República e as meninas de 14 ou 15 anos, fez com que ele perdesse o avanço que tinha conseguido até aquele momento.

No lado oposto da disputa, o eleitor que Lula está conquistando é mais rico e escolarizado, e que não se identifica com o movimento de guerra cultural promovido pelo bolsonarismo. São aqueles que migraram de Geraldo Alckmin para Bolsonaro em 2018, algo em torno de 10% dos votos de Bolsonaro no primeiro turno daquele ano, segundo cálculos de Andrei Roman. Esse novo cenário se dá por uma mudança do perfil bolsonarista de 2018 para cá, que era antipetista, contra a corrupção e que queria combater a criminalidade, incluindo os lavajatistas.

Enquanto o movimento contrário ao PT resiste no apoio ao atual presidente, a outra parte que não se manteve alienada e redefiniu suas pautas políticas está migrando para Lula. “Uma declaração muito emblemática nesse sentido é do João Amoedo, que declarando o voto no Lula, ele meio que define, na minha opinião, essa migração do eleitor que sai do grupo que defendeu Bolsonaro e vai para Lula”, explica o CEO do Atlas Inteligência.

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