Maior campanha por voto útil em Lula é de Bolsonaro, diz sociólogo

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Por que o presidente Jair Bolsonaro (PL) reiteradas vezes ameaça as instituições democráticas caso consiga a reeleição nas urnas, os eleitores que estariam dispostos a votar em Simone Tebet (MDB) ou Ciro Gomes (PDT) acabaram vendo em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a chance de proteger a normalidade política no país, votando em Lula, logo no primeiro turno. Essa é a avaliação do sociólogo Celso Rocha de Barros, em entrevista ao programa Conversas com o Meio, ao dizer que “quem mais faz campanha pelo voto útil no Lula é o Bolsonaro”. Na opinião do sociólogo, o presidente também eliminou a chance de decolar uma terceira via após o Sete de Setembro, quando a maior parte das notícias e das discussões políticas foram sobre os discursos de Bolsonaro, ofuscando a relevância que Simone Tebet tinha ganhado após o primeiro debate presidencial, quando chegou a subir alguns pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto.

Celso de Barros acredita que o melhor caminho para a democracia brasileira é que a eleição presidencial seja resolvida logo no próximo dia 2, por ter “um alto risco de Bolsonaro fazer besteira”, tentando um golpe de Estado ao perder o pleito em um eventual segundo turno, o que seria frustrado por falta de apoio das instituições. Para ele, caso haja uma disputa direta contra Lula no final de outubro, Bolsonaro não tentará concorrer apenas como um direitista. “Ele vai tentar [se reeleger] como um populista de direita, atacando as instituições, dizer que ele é a anti-política, e o Lula é a política velha corrupta.”

Ao responder sobre a polêmica causada entre as campanhas de Lula, Ciro e Tebet, o sociólogo afirma que “pedir voto útil é inteiramente legítimo”, e ressalta que Lula e Ciro fazem campanha com essa estratégia. Enquanto o petista pede votos para finalizar a disputa no dia 2 de outubro, Ciro recorre ao eleitorado não radical de Bolsonaro para angariar votos suficientes para chegar ao segundo turno “ao mesmo tempo em que ele tenta evitar que os eleitores dele votem no Lula, uma situação muito desconfortável”. No fim das contas, segundo Barros, o eleitor vota na opção que achar melhor. “Não vai ser pressão de ninguém que vai fazer ninguém votar em quem quer que seja.”

Caso se confirme os resultados das pesquisas, Celso Rocha de Barros avalia que restará a Bolsonaro sobreviver entre as forças armadas e os movimentos de massa, podendo fugir do país sob o risco de ser preso, porque “assim que for possível legalmente responsabilizá-lo pela pandemia, [sua chance de se livrar de punição] acabou”. Ele lembra que, ao contrário de seu ídolo, Donald Trump, que soube utilizar a máquina pública para fortalecer suas ideias no partido Republicano, nos Estados Unidos, Bolsonaro não investiu em construir um partido político com sua ideologia, apostando em uma possibilidade de ruptura democrática.

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