Bolsonaro quer multa da Petrobras para educação

Em sua tradicional live de quinta, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que pretende destinar os R$ 2,5 bilhões em multas da Petrobras para os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia. O valor passa dos R$ 1,7 bilhão contingenciados para as universidades federais. O dinheiro, que os procuradores da Lava Jato tentaram pegar para criar uma fundação, mas foram proibidos pelo Supremo, ainda não tinha destino claro. O presidente negou que se trate de uma resposta aos protestos de quarta. “Não foi manifestação pela educação”, ele afirmou, “foi patrocinada por uma minoria de espertalhões do PT, PCdoB, PSOL, PCO e sindicatos usando a boa fé dos alunos para fazer um ato por Lula livre.” (Poder 360)

Jair Bolsonaro, recebendo prêmio em Dallas: “Até hoje sofremos com a mídia brasileira. Até venho sempre dizendo: ‘Se vocês fossem isentos, já seria um grande sinalizador de que o Brasil poderia, sim, romper obstáculos e ocupar um lugar destaque no mundo.’ Ontem, vimos algumas capitais de estado com marchas pela educação, como se a educação até o final do ano passado fosse uma maravilha no Brasil. Temos um potencial humano fantástico, mas a esquerda brasileira entrou, infiltrou e tomou não só a imprensa brasileira mas também grande parte das universidades e as escolas do ensino médio e fundamental. No Brasil, a política até há pouco era de antagonismo a países como Estados Unidos. Os senhores eram tratados como se fossem inimigos. O Brasil de hoje é amigo dos Estados Unidos. O Brasil de hoje respeita os Estados Unidos e quer o povo americano ao nosso lado. E termino com meu chavão de sempre: ‘Brasil e Estados Unidos acima de tudo.’” (Folha)

Pois é... Os protestos o fizeram confrontar Marina Dias, repórter da Folha. “O senhor falou que não tem nenhuma universidade brasileira entre as 250 melhores do mundo”, ela engatilhou para perguntar. “É cortando verba da educação que vai chegar?” O presidente mal a deixou terminar. “Você é da Folha de S. Paulo, tem que entrar de novo numa faculdade que presta e fazer um bom jornalismo. É isso que a Folha tem que fazer e não contratar qualquer um para ficar semeando a discórdia e perguntando besteira por aí.” (Folha)

Abraji: “O papel de um jornalista é perguntar. O papel de um detentor de mandato, que deve prestar contas do que faz ao público, é responder — de preferência, com civilidade e compostura. O presidente Jair Bolsonaro ignorou mais uma vez essas regras básicas ao atacar uma profissional e um veículo de imprensa durante uma entrevista em Dallas, nesta quinta.”

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, também foi homenageado. Como tinha outro compromisso, não apareceu. (BBC)

Aliás… Pompeo já havia também cancelado a presença quando o evento era em Nova York. (Antagonista)

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Então... O pai deste conceito, a ideia de que jornalismo, educação e cultura são críticos ao governo por doutrinação marxista, é Olavo de Carvalho. E Olavo sumiu. Ao menos por enquanto. Suas última manifestações no Facebook e no Twitter são da segunda, dia 13. “Estou decidindo hoje me ausentar temporariamente do debate político nacional”, disse ontem em entrevista. “Se tornou uma coisa absolutamente incontestável.” Suas últimas mensagens foram voltadas a seus inimigos constantes dos últimos tempos — os generais do governo. “Querem me tirar da parada? Tiraram. Vou ficar quietinho agora, não me meto mais. O Brasil escolheu o seu caminho. Escolheu confiar em pessoas que não merecem sua confiança e agora vai se danar.” O escritor não foi mais preciso — não deixou claro que Brasil escolheu que caminho ou que pessoas não merecem confiança. (Folha)

Diga-se... Segundo o Painel, os olavistas no governo veem risco de despertar da oposição após as manifestações de quarta. (Folha)

E por falar em MEC... Caiu pela segunda vez um diretor do Inep no governo Bolsonaro. O novo titular demitido, que assumira com a chegada do ministro Abraham Weintraub, é o ex-delegado federal Elmer Vicenzi. Segundo a jornalista Renata Cafardo, ele estava envolvido em dois conflitos. Por um lado, defendia a divulgação total dos dados produzidos pelo instituto, como avaliações e indicadores educacionais. Hoje, o MEC torna públicos os dados agregados, por município e por escola, mas não as notas específicas de cada aluno. Os advogados do Inep chegaram a ameaçar pedir demissão coletiva caso o presidente conseguisse seu objetivo. Vicenzi também defendia que o Enem permanecesse como está, sem mudanças ou censura, como desejara seu antecessor. (Estadão)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, lançou uma ideia em Dallas. “Vamos procurar fazer uma fusão entre o Banco do Brasil e o Bank of America. São bancos bons para empréstimos agrícolas. Já fizemos uma nova relação entre a Embraer e Boeing. Vamos construir empresas transnacionais. Vamos ultrapassar as nossas fronteiras na procura de melhores oportunidades econômicas.” (Poder 360)

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu tem até às 16h de hoje para se entregar à PF. OTRF-4 rejeitou seu último recurso no processo em que foi condenado a 8 anos e 10 meses de prisão por propina da Petrobras. (Estadão)

Na edição de sábado: Pesquisa é resultado direto do trabalho de acadêmicos no ensino superior. É também a base para tecnologia e patentes que a iniciativa privada transforma em produtos — a fonte principal de riqueza no século 21. A relação entre dinheiro público e privado, neste jogo, de trivial não tem nada. Mas nenhum país o faz melhor do que os EUA. Este é o tema principal do Meio na edição que os assinantes premium receberão amanhã. Afinal... Não custa quase nada. Ainda dá tempo de receber a sua.

Bolsonaro sabe a fórmula de fazer água

Tony de Marco

 
Navio-afunda

Cultura

I M Pei, um dos últimos grandes arquitetos modernistas, morreu ontem em Manhattan. Nascido na China mas tendo se transferido cedo para os EUA, já nos anos 1940 Pei desenhava arranha-céus nova-iorquinos. Com fama estabelecida, entre 1967 e 68 ganhou os contratos de uma série de museus e centros-culturais que rapidamente se tornariam sua marca. O arquiteto usava muito concreto e muito vidro, gostava de ângulos retos e fachadas impactantes. Deixa como principais obras o Edifício Leste da National Gallery, em Washington, o Rock & Roll Hall of Fame, de Cleveland, e a pirâmide do Louvre, que polêmica e toda moderna, se integrou com elegância ao palácio renascentista. I M Pei tinha 102 anos. (New York Times)

Em São Paulo, de sábado pra domingo, a Virada Cultural ocupa diferentes pontos da cidade com 24 horas de programação ininterrupta. No palco Anhangabaú Plural, tem o Ofertório da família Veloso e Seun Kuti com Egypt 80 e Iza. No Copan, todos os shows homenageiam Itamar Assumpção. Na São João, Teresa Cristina leva seu Sorriso Negro e Xênia França convida Luedji Luna. O rap retorna à estação São Bento. A Casa de Francisca abre a varanda para shows de Tulipa Ruiz, Alessandra Leão com Karina Buhr e Isaar e Junio Barreto com Zé Manoel e Lívia Mattos. O choro domina a Rua Bráulio Gomes. Os shows da semana incluem Mauricio Pereira no Sesc Pinheiros e Sidoka na Morfeus Club, hoje; Los Hermanos no Allianz Parque, amanhã.

No Rio de janeiro, pinturas, desenhos, gravuras e fantoches revelam o Equilíbio Instável do artista Paul Klee no CCBB. Imperdível, a exposição tem curadoria de Fabienne Eggelhöfer, curadora-chefe do Centro Paulo Klee em Berna, na Suíça. Hoje, amanhã e no dia 24, Milton Nascimento leva a turnê que celebra o legado do Clube da Esquina ao Vivo Rio. Sob a regência de Isaac Karabtchevsky, a Petrobras Sinfônica apresenta a Sinfonia nº 9 de Mahler amanhã, no Municipal. A cantora norueguesa Aurora apresenta o repertório do EP Infections Of a Different Kind hoje no Circo Voador. O Escritório Transfusão recebe shows de Neiva, Zé sem Nome e Bombardeio Blues hoje à noite. Para mais indicações culturais, assine a newsletter da Bravo!

Nos cinemas, o filme mais esperado é John Wick 3: Parabellum (trailer). O final de semana de estreia da ação deve ser de US$ 52 milhões nos EUA. É de longe o maior da trilogia. No longa, o personagem do título, interpretado por Keanu Reeves, é ‘excomungado’ da ordem do Continental após cometer um assassinato dentro do hotel. Já UglyDolls é um filme com temática infantil e que traz uma mensagem inspiradora sobre bichinhos de pelúcia rejeitados que vivem em um mundo onde as diferenças são celebradas. (trailer). Aliás, a cantora Anitta gravou uma música em três versões para o longa: inglês, português e espanhol. A lista de lançamentos inclui também Kardec, filme baseado na história do codificador da doutrina espírita (trailer).  Veja os outros lançamentos da semana.

Galeria: o melhor de Cannes. Elton John posa para seu filme biográfico Rocketman com Taron Egerton, o ator que o interpreta. E outras imagens do festival.

Viver

A seleção brasileira feminina de futebol tem o grupo fechado para a disputa da Copa do Mundo de 2019 na França. Ontem, o técnico Vadão convocou as 23 jogadoras para representar o Brasil no torneio. A lista contém a craque Marta e a veterana Formiga, que vai disputar pela sétima vez um Mundial. A convocação foi um evento. Diferente de 2015, quando a lista foi divulgada apenas no site oficial, o anúncio reuniu dezenas de jornalistas na sede da CBF no Rio de Janeiro. O primeiro jogo acontece no dia 9 de junho, contra as jamaicanas; o segundo, em Montpellier, será contra as australianas no dia 13; e o terceiro, em Valenciannes, será contra as italianas no dia 18. Todos serão transmitidos pela Globo.

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Cientistas da missão chinesa Chang’e 4, a primeira que pousou com sucesso na face oculta da Lua, acreditam ter encontrado vestígios do manto lunar, a camada interna que fica escondida debaixo da crosta e da qual até agora havia poucas evidências.

Cotidiano Digital

O Facebook removeu 65 contas, outras quatro no Instagram, além de 161 páginas, 23 grupos e 12 eventos. Estavam, todos, sendo operados de forma coordenada e representavam identidades falsas - passavam-se por locais de Nigéria, Senegal, Togo, Angola, Níger, Tunísia, além de países não especificados da América Latina e Sudeste Asiático. Segundo a rede social, eram todos controlados pelo Archimedes Group, uma empresa israelense de consultoria eleitoral. Tinham, ao todo, mais de 2,8 milhões de seguidores. Gastaram no conjunto US$ 812 mil em dinheiro voltado para angariar seguidores e focar em pontos específicos de campanhas eleitorais. Parte deste dinheiro, segundo o próprio Facebook, foi pago em reais. Não quer dizer que o Archimedes tenha operado no Brasil — o uso de uma cesta de moedas é uma manobra diversionista para disfarçar a correlação na ação. “Não queremos que nossos serviços sejam utilizados para manipular pessoas”, afirmou a rede social em seu comunicado. “Temos feito avanços em arrancar pela raiz os abusos, mas é um desafio que permanece.”

A tática da consultoria israelense lembra mais a adotada pelos russos na campanha americana do que a da Cambridge Analytica. “Temos alta convicção de que a ação foi do Archimedes, mas não sabemos quem pagou a consultoria”, afirmou Graham Brookie, do Atlantic Council. “É a convergência entre desinformação ideológica e desinformação em troca de dinheiro.” (Washington Post)

Aliás... Apps para celular de Facebook, Instagram e WhatsApp tiveram instabilidades no Brasil durante a tarde de ontem.

A Microsoft alerta para falha grave nas versões XP e 7 do Windows e recomenda atualização, conta Altieres Rohr.

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